quarta-feira

Type your number, please

A minha curiosidade mata-me por saber quem é ingénuo para achar que os números são impotentes face ás letras. Um número tem muito mais poder do que uma palavra... Todos queremos ser o número um, mas nem sempre queremos ser o preferido, apenas queremos estar no topo, e nem sempre no centro das atenções. Se a idade é apenas um número? Como é que a distancia entre os números, muitas das vezes é a mesma distância entre experiências? Somos ingénuos, ou então apenas é uma tentativa para sermos mais liberais. Os números é que ditam a nossa posição, por exemplo, o dinheiro. Ter muito dinheiro faz de nós relevantes, e podem dizer que não é tudo na vida, mas traz muita coisa atrás. Somos avaliados com números e são eles que ditam o nosso futuro, somos entregues a um número que será a nossa identificação para comunicar à distancia, somos restringidos a um número para saberem quem és no meio de uma multidão.
A única certeza que temos é que o nosso futuro não pode ser resumido a uma equação,pois há mais do que uma incógnita, e dá mais do que um resultado, porque estamos sempre a lutar para mudar a fórmula, mas às vezes um número faz mais sentido que uma palavra. Um número pode resumir a nossa vivência temporal, mas nunca nos descobrirá, porque quando formos apenas incógnitas de formula, deixaremos de ter liberdade, pois seremos apenas mais um número numa imensidão de histórias.
Ninguém escreve sobre a sua felicidade, muito menos as pessoas lêem a felicidade dos outros... Somos uma mente tão inferior que apenas só nos identificamos com sentimentos de tristeza, maus amores, ou até azares. Mesmo as grandes histórias não se prendem por grandes paixões, mas sim pelo desenrolar dos dramas. Será por isso que tanto invejamos a felicidade dos outros? Porque não sabemos reconhecer a nossa? 
Um simples exemplo, as grandes músicas são reconhecidas porém apenas são entendidas quando estamos em baixo, quando deixamos a melodia de lado e de repente sentimos que a letra é a nossa história. A verdade é que nem é muito difícil, a letras são muitos ambíguas com esse propósito, para acharmos que resume toda a nossa história num momento. 
Na minha vida não cabe os pessimismos, vivem boas historias como recordações, mas não passam disso. Tanta gente que faz de historia de "mal de amores" como bolos: mexe, remexe, coloca fermento, cresce, e fica a repousar. Não vale a pena, passado deve ser definido como isso, e só dessa forma é seguiremos para outro patamar, outras vivências, e só ai paramos de invejar a felicidade dos outros e paramos para viver a nossa. De boas lições e conselhos estamos todos cheios, de como ultrapassar um amor, de como conquistar o mesmo, mas ninguém pára para viver a sua vida do zero, sem conhecimento nem esperanças, como cada dia fosse uma novidade. Toda a gente vai "cheia de razão", ou então com cuidado porque já bem se dizia "gato escaldado tem medo de água fria", mas é hipócrita vivermos de suposições. Até que ponto iremos viver na mesma mentira?

segunda-feira

Saudade que arde sem se ver

Há diferentes tipos de saudade. Há saudades do tamanho de um "volto já", há saudades que a distância reforça mas há saudades que não se matam, e para mim essas são as piores. Para mim não se pode chamar saudades quando não se pode "matar", e por mais lágrimas que se deitem nunca serão consoladas. É um vazio inexplicável e para o tentar preencher ficam recordações. No entanto, no meu caso, não consigo chorar, não consigo sentir saudades, a partir daquele dia. Algo em mim congelou, parte de mim ainda vive a tentar vê-la entrar pela porta, tenta ouvir chamar-me por todos os elogios e insultos por mim, aquela parte que ainda não acredita.
Senti o ano a escorregar-me pelos os dedos, senti uma volta de 360º e com ela trouxe silêncio e solidão. Virei independente à força e passei a perceber que ser dona do meu próprio nariz não era o mar de rosas que pensava. Não é uma vida fácil, e refugiamos-nos tanto nos pensamentos do quotidiano que deixamos de pensar em nós próprios. 
Confesso que tive que sair daqui, não aguentava passar a data fechada com recordações, tive que pensar em mim quando há um ano só pensei nos outros. Faz um ano que fui o porto de abrigo de todos, fui o ombro amigo de tanto desespero, e pus-me de lado para os outros não fracassarem. Custou-me todas as forças mentais e físicas que tinha, ainda agora sinto que não voltaram totalmente mas sinto-me segura, porém nenhuma fortaleza. Acho que é a saudade que me vai matando porque não a consigo sumir. Contudo, não ficou nada por dizer, o orgulho em mim estava presente em cada olhar teu e o sentido de trabalho cumprido tinha chegado, quando na verdade ficou por acabar. Sou uma menina no papel de mulher, sou esferovite com aspecto de mármore, sou uma aprendiz da vida. 
Dava tudo para te ver uma vez, para o bem dos meus medos, para me dares a força que eu perdi, para me fazeres lembrar aquilo que nunca me esqueci.

quarta-feira

Review "Adivinha quem eu sou", de Megan Maxwell

Sem margem para dúvidas de que foi dos melhores livros que li até agora. Foi emprestado, e agradeço imenso, onde a pessoa em questão perguntou se li o "50 shades of grey" e ao responder positivo, só me dá o livro para mão e diz "Vais adorar este então!". Tinha toda a razão. Muito melhor redigido, uma história de amor melhor sustentada, e o erotismo não é simplesmente fantasia, é muito aproximado à realidade,
A história passa-se com duas personagens principais: Yanira e Dylan. Depois de uma breve introdução a Yanira, à sua paixão pela música, pela sua curiosidade em volta do sexo e o seu coração blindado de paixões, a aventura começa quando ela e a sua amiga Carol vão trabalhar num cruzeiro.
Aí Yanira vê pela primeira vez Dylan, e sente-se fortemente atraído por o mesmo, mas durante algum tempo a paixão não é correspondida. Desiludida, a sua intuição indica-lhe que este é homossexual e confrontando-o, este não nega. Porém, ela não desiste, conformada que é capaz de lhe mudar as ideias. Depois de haver um clima tórrido entre ambos e ela verificar que tendências homossexuais de Dylan não passam de uma ilusão, estes vivem uma louca paixão ás escondidas, pois sendo o Dylan também um trabalhador a bordo do cruzeiro, as relações entre empregados eram motivo suficiente para despedimento com justa causa.
Contudo, após ocorrência de certos acontecimentos, Yanira descobre que Dylan não é o simples rapaz da manutenção que diz ser, e no meio da confusão onde Dylan vê-se obrigado a despedir-se dela, a sua relação com ele é desvendada e esta é despedida. Por isso, volta para a sua terra natal, onde descobre que a saudade por ele é demasiada e desespera pela ideia de nunca mais o voltar a ver. No entanto, Dylan aparece na sua terra natal e tem um pedido muito especial para lhe fazer, onde garante que nunca mais se separam e que apenas ela será sua. Perdoando tudo, Yanira volta para seus braços, apaixonada e disposta a conhecer o pai dele, o Ogre.
A sua recepção foi horrível e os dias que seguiram, bem piores. O pai não aceitava, alegando que Yanira não passaria de uma oportunista e que iria magoar Dylan, mas esta não desiste de impor a sua posição. Depois de muitas desavenças, de uma louca bebedeira e de muitos impulsos inconsistentes, esta impõe o seu lugar, e sente-se, finalmente, bem-vinda a família. 
Ambos voam para Los Angeles, que será a terra do seu novo lar. Assim que chegam a casa, que já pertencia a Dylan, Yanira encontra inúmeros defeitos que pretende que sejam resolvidos, desde uma lingerie feminina a retratos com a sua ex. Nessa mesma noite, encontram Caty, a ex dos retratos, no qual esta, passado algum tempo, gaba-se dos tempos de namoro com Dylan á frente de Yanira, e esta num acto de desespero deseja ir embora. Cá fora, Dylan estando preocupado, tenta perceber o que se passa, e ao saber-lo, volta para dentro para conversar com Caty, e deixa Yanira cá fora. O irmão do Dylan observando Yanira sozinha, chama-a para junto do seu carro, e esta ao ultrapassar a estrada, ouvindo-se um rugido de acelerar de rodas e Dylan corre em busca de Yanira chamando o seu nome. Por fim, o livro expressa "Continua", logo não poderei dizer mais do que isto. Durante a história são retratados os momentos de paixão entre ambos, e que na minha opinião, nada exagerados, e ligeiramente apimentados. Única critica a fazer, não sei se é devido á tradução do livro, contudo a autora para referenciar a vagina denomina-a de sexo, não muito lógico.
Já sabem, adorei, e recomendo.

sábado

Amizades tóxicas

As relações mais prejudicais para nós, as amizades tóxicas, bem mais rijas que um amor obsessivo.
Alvos mais fáceis abater: pessoas com demasiada preocupação com os outros do que com eles próprios, pessoas que valorizam demasiado a opinião externa, pessoas com auto-estima débil, e por fim, aquelas que a influência sobre eles seja demasiado fácil.
Considero tais relações como celulite, é verdade. Todos sabemos que as temos, mas desde que estejam escondidas ninguém tenta fazer nada para mudar, mas basta prestar um bocado de atenção, para ver que há algo bastante deformado. Não é egoísmo colocarmos-nos em primeiro lugar, egoísmo é fazerem-nos sentir que o primeiro lugar nunca deveria ser nosso.
Não é errado ás vezes não querer ouvir os problemas dos outros, não é errado ás vezes querer andar sozinho, o errado é assumirem que estaremos sempre lá, sem qualquer luta, como algo exógeno. Merecemos o nosso espaço, e não significa que estamos a falhar como amigos, significa que somos demasiados conscientes para saber quando conseguimos ajudar e quando apenas seremos um disco riscado.
Amizade tóxicas fazem-te sentir mal, dependente de alguém e incapaz de cuidar de ti próprio, Tu não precisas disso, precisas de ti, da tua consciência e dos teus valores, e quem for teu amigo acompanha-te, feliz pela tua felicidade.

quarta-feira

Cronômetro

Achamos que temos tempo para tudo, no entanto achamos que o tempo que temos nunca é suficiente.
Suficiente para perdoar, para amar e para receber esse amor de volta. Ás vezes esperamos por coisas que podem nem chegar ou até voltar, mas aí está o nosso erro, esperar. Perdemos oportunidades por deixar desenrolar o tempo. Fraco vicio. Porque não lutamos? Porque o medo é demasiado elevado em relação ao que pode mudar, e quanto maior for a nossa conformidade, menor é a vontade de começar do zero. 
O tempo é uma medida sem quantificação, é relativo e muito dependente de cada pessoa. Pode acabar sem dizer "adeus", injusto não? É das poucas coisas que não podemos controlar, e o único poder que temos é "congelar" certos momentos para que estes não se apaguem, tal como nós, com o tempo. Por isso pergunto, quanto tempo demoramos a superar-nos? Será que no final, naquela "meta", algum momento iremos estar realizados? Vicio egoísta de querer sempre mais e melhor, e nunca ser suficiente. 
No final de tudo, o tempo é uma metáfora para as tuas escolhas, é ouvires cada momento o bater do segundo, é a pressão contínua para fazeres algo, bom ou mau, mas que seja algo que valha a pena todo o tempo perdido,