segunda-feira

Saudade que arde sem se ver

Há diferentes tipos de saudade. Há saudades do tamanho de um "volto já", há saudades que a distância reforça mas há saudades que não se matam, e para mim essas são as piores. Para mim não se pode chamar saudades quando não se pode "matar", e por mais lágrimas que se deitem nunca serão consoladas. É um vazio inexplicável e para o tentar preencher ficam recordações. No entanto, no meu caso, não consigo chorar, não consigo sentir saudades, a partir daquele dia. Algo em mim congelou, parte de mim ainda vive a tentar vê-la entrar pela porta, tenta ouvir chamar-me por todos os elogios e insultos por mim, aquela parte que ainda não acredita.
Senti o ano a escorregar-me pelos os dedos, senti uma volta de 360º e com ela trouxe silêncio e solidão. Virei independente à força e passei a perceber que ser dona do meu próprio nariz não era o mar de rosas que pensava. Não é uma vida fácil, e refugiamos-nos tanto nos pensamentos do quotidiano que deixamos de pensar em nós próprios. 
Confesso que tive que sair daqui, não aguentava passar a data fechada com recordações, tive que pensar em mim quando há um ano só pensei nos outros. Faz um ano que fui o porto de abrigo de todos, fui o ombro amigo de tanto desespero, e pus-me de lado para os outros não fracassarem. Custou-me todas as forças mentais e físicas que tinha, ainda agora sinto que não voltaram totalmente mas sinto-me segura, porém nenhuma fortaleza. Acho que é a saudade que me vai matando porque não a consigo sumir. Contudo, não ficou nada por dizer, o orgulho em mim estava presente em cada olhar teu e o sentido de trabalho cumprido tinha chegado, quando na verdade ficou por acabar. Sou uma menina no papel de mulher, sou esferovite com aspecto de mármore, sou uma aprendiz da vida. 
Dava tudo para te ver uma vez, para o bem dos meus medos, para me dares a força que eu perdi, para me fazeres lembrar aquilo que nunca me esqueci.

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